Banda: Mr. Bungle
Álbum: Mr. Bungle
Ano: 1991
Gênero: Avant-garde; Funk Metal
Álbum: Mr. Bungle
Ano: 1991
Gênero: Avant-garde; Funk Metal
Finalmente resolvi começar minha aventura de fazer as resenhas dos álbuns do Mr. Bungle. Na resenha do debut do Fantômas, eu disse que faria pelo menos duas resenhas sobre esta banda fantástica, mas acho que, no fim, terei de fazer resenhas dos três álbuns. Os motivos são simples: cada álbum tem um estilo muito peculiar, e nenhum deles merece ser "excluído".
O Mr. Bungle teve seu início em 1985, mais ou menos, na cidade de Eureka, California (nome sugestivo). Era formada por Mike Patton (vocal), Trey Spruance (guitarra), Trevor Dunn (baixo) e Jed Watts (bateria). O nome veio de um filme escolar, aonde um palhaço porco, sujo e sem noção chamado Mr. Bungle mostrava como as crianças boas não deveriam agir.
A linha sonora do Bungle era, tentando definir por cima, um death metal maluco, com saxofones e bongôs. Pelo menos era o que a banda mostrava na demo The Raging Wrath Of The Easter Bunny ("A Incrível Fúria do Coelhinho da Páscoa"). Porém, em 1987, a banda gravou uma fita chamada Bowel Of Chiley e, nesta fita, a sonoridade do Mr. Bungle se apresentava totalmente diferente daquela registrada no ano anterior. Era uma mistura maluca de ska, swing, funk e metal, fazendo com que a banda chamasse os músicos Scott Fritz e Theo Lengyel para tocar os metais. Além disso, Jed Watts foi trocado por Hans Wagner.
A banda passou por outras gravações e tudo mais (para dar uma resumida), e a formação definitiva estabeleceu-se em 1989, com o lançamento da demo OU818, a última independente do Bungle. A banda contava com o trio Patton, Spruance e Dunn, e com os novos membros: o baterista Danny Heifetz e o saxofonista e tecladista Clinton "Bär" McKinnon.
O ano de 1989 foi essencial na carreira do Mr. Bungle, visto que foi nesse ano que Mike Patton foi chamado pelo Faith No More para substituir o vocalista Chuck Mosley. O Faith No More, então, lança o álbum The Real Thing, que acaba estourando no mundo todo com clássicos como Epic, From Out Of Nowhere e Falling To Pieces. Assim que Patton consegue algum dinheiro, o Bungle assina com a Warner e, em 1991, lança seu debut auto-intitulado.
O álbum foi produzido pelo lendário saxofonista avantgarde John Zorn, que inclusive participa na faixa Love Is A Fist. Algumas músicas já estavam presentes nas demos anteriores, e a banda seguiu a mesma linha adotada na demo de 1989 (ou seja, o ska foi bem amenizado e ocorreu uma influência maior do funk). O tracklist é o seguinte (clique nas músicas para escutar):
1. Travolta
2. Slowly Growing Deaf
3. Squeeze Me Macaroni
4. Carousel
5. Egg
6. Stubb (A Dub)
7. My Ass Is On Fire
8. The Girls Of Porn
9. Love Is A Fist
10. Dead Goon
Muitos críticos definiram este álbum como sendo "funk metal", mas acho muito simplista. Basta ouvir Travolta para ficar, no mínimo, incomodado. Ao colocar o vinil (ou CD, Mp3, whatever), você tem 30 segundos de silêncio absoluto. Então, ouve um click e a banda entra com tudo, com aquele teclado sinistro no fundo. Inicialmente parece que a música vai ser algo linear e comum, mas não: de repente, a banda começa a tocar um jazz e, em poucos segundos, alguma coisa semelhante a metal e soul. Enfim: tentar rotular esta banda é muito difícil.
O álbum em si é uma viagem. Diversos samples preenchem as músicas, desde vozes de jogos de videogame (como o Rise from your grave!, do clássico jogo de Mega Drive Altered Beast) até filmes pornográficos. As mudanças frenéticas de ritmo são um choque para quem nunca ouviu música do estilo. Já na segunda faixa, Slowly Growing Deaf, a banda começa com um funk e, em segundos, passa a uma melodia suave que, em segundos, será substituída por algo totalmente diferente.
O humor da banda é explícito. Com todas essas maluquices, encontramos uma música extremamente amigável e linear, bem pop mesmo. Quando vemos o nome, lemos The Girls Of Porn, e ao ouvir a música ouvimos gemidos obscenos e uma letra absurdamente explícita sobre pornografia e masturbação. Sendo assim, não teria como ser executada em uma rádio.
Em Squeeze Me Macaroni, é notável a semelhança com o estilo do Red Hot Chili Peppers no clássico Blood Sugar Sex Magik, também lançado em 1991. Porém, as quebras de ritmo e loucuras do Bungle fazem com que qualquer semelhança REALMENTE seja mera coincidência. No futuro, Mike Patton e Anthony Kiedis se odiariam, mas isso é assunto para outro post.
A performance da banda é impecável (o que se repetiria nos outros dois álbuns), e ver as músicas do Bungle ao vivo é um prazer por vários motivos: além de você ver que os caras se divertem pacas tocando, o entrosamento é fantástico. Quem é músico (a) como eu sabe como é difícil ter uma banda entrosada como o Mr. Bungle.
Recomendadíssimo, e a odisséia Bungle (gostei disso) continua...
Eis aqui o vídeo de The Girls Of Porn ao vivo em 1991:
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