Banda: Morphine
Álbum: Cure For Pain
Ano: 1993
Gênero: Rock Alternativo
Já fazia um tempo que eu estava pra postar uma resenha de um álbum dessa banda espetacular e desconhecida por muitos, o Morphine, mas sempre acabava esquecendo. Agora aqui está, sem mais delongas.
O Morphine era uma banda peculiar em todos os aspectos: um trio formado por Mark Sandman (vocal/baixo), Dana Colley (saxofone barítono/tenor) e, a partir do disco aqui resenhado, Billy Conway (bateria e percussão). Anteriormente, o lugar de Conway era ocupado por Jerome Dupree.
Um power trio sem guitarra já é algo muito incomum. Adicione isso ao fato de Sandman tocar um baixo de duas cordas com um slide (aquele acessório muito usado por guitarristas de blues, principalmente) e de, em algumas vezes, Colley tocar dois saxofones ao mesmo tempo (como este velhinho épico neste vídeo aqui). Não tem como a música ser mais do mesmo.
O debut do Morphine foi Good, lançado em 1992, e mostrava muito bem ao que a banda veio: uma música criativa e inteligente, que não se doma a um estilo único. Além disso, a música combina muito com o nome da banda. Tem um je ne sais quoi de chapante na música do Morphine.
Apesar de Good ser um bom debut, a banda evoluiu muito no álbum aqui resenhado. Cure For Pain foi lançado apenas um ano depois e mostra uma banda mais madura, com maior domínio sobre as possibilidades de composição para os três (quatro, contando o vocal) instrumentos usados.
Após a pequena introdução de Dawna, um curto solo de saxofone, o Morphine já entrega uma das melhores faixas do álbum: Buena. A introdução no baixo de Sandman já mostra todo o groove da música, e logo no começo do álbum já esquecemos que o Morphine não usa guitarras simplesmente porque elas não fazem falta aqui. O saxofone de Colley cumpre muito bem esse papel e, de quebra, ainda dá um som único à banda.
O disco altera muitos humores. Temos a profunda I'm Free Now, com sua linha de saxofone simples e bonita; All Wrong, com sua levada mais animada, ótima para dirigir e a belíssima balada Candy, com seu toque de soul e uma letra extremamente romântica. Um dos melhores momentos do álbum:
Candy asked me if she died if I could go on
Candy asked me if she died if I could go on
Of course I said I couldn't and of course we knew that's wrong
But Candy, I said, Candy, no, you can't do that to me
Because you love me way too much for you to ever leave
Na língua de Camões:
Candy me perguntou se, se ela morresse, eu conseguiria continuar
É claro que eu disse que não poderia e é claro que ambos sabíamos que estava errado
Mas Candy, eu disse, Candy, não, você não pode fazer isso comigo
Porque você me ama demais para algum dia me deixar
Toda a doçura de Candy fica para trás na incrível A Head With Wings, com groove até o último fio de cabelo. Mais uma vez o destaque é o ótimo trabalho de sax de Colley.
O leitor que escutasse o álbum até aqui e depois escutasse In Spite Of Me ficaria, no mínimo, puto. "Como você me fala que só tem baixo, bateria e saxofone se isso não tem nada disso?". Pois é, uma música com violão e bandolim (tocado pelo músico Jimmy Ryan) em pleno Cure For Pain. Surpreendente ou não?
Mas como o Morphine gosta de surpreender ainda mais, depois vem a paulada Thursday, cheia de texturas e saxofones. Em alguns momentos remete até ao John Zorn (que, caso você não conheça, clique aqui ou aqui pra ter uma idéia do quanto esse cara é peculiar).
A faixa título tem uma levada bem simples, que lembra um pouco Waiting For My Ruca, do Sublime (ou é muita viagem minha?), mas não se destaca do resto do álbum (apesar de não ser ruim de maneira alguma). Mary Won't You Call My Name tem uma levada de bluegrass, com Sandman tocando violão além do habitual baixo. Certamente uma das mais originais do álbum.
Let's Take A Trip Together cumpre o que propõe. Incrivelmente viajante, tem até órgão (tocado por Sandman) e um climão de dub, apesar de não ser um. Sheila é um dos momentos menos inspirados do álbum, e a faixa de encerramento, Miles Davis' Funeral, é uma pequena faixa instrumental melancólica só para encerrar.
Cure For Pain é um belíssimo álbum e certamente o álbum certo para quem quer conhecer esta banda tão peculiar, que infelizmente teve um fim prematuro e súbito quando Mark Sandman faleceu em pleno palco de ataque cardíaco, em 1999, aos 46 anos.
Recomendadíssimo.
Tracklist:
- "Dawna" - 0:44
- "Buena" - 3:19
- "I'm Free Now" - 3:24
- "All Wrong" - 3:40
- "Candy" - 3:14
- "A Head with Wings" - 3:39
- "In Spite of Me" - 2:34
- "Thursday" - 3:26
- "Cure for Pain" - 3:13
- "Mary Won't You Call My Name?" - 2:29
- "Let's Take a Trip Together" - 2:59
- "Sheila" - 2:49
- "Miles Davis' Funeral" - 1:41
Abaixo, confira o Morphine tocando Buena ao vivo:
3 comentários:
Caralho ! o maluco toca 2 sax !!! auhaua loco
Gostei do album!
Aquela candy é linda mesmo =(
lah pelos idos de 94, comprei esse cd, totalmente no escuro, sem saber absolutamente nada sobre eles, e qdo ouvi o disco ao chegar em casa tive um orgasmo.. foi sem duvida um momento marcante... morphine eh algo unico.... este disco entao (anos depois numa viagem ao exterior comprei os outros) eh sensacional e obrigatorio.
enfim, cara, eh isso.
O som desses caras é realmente impressionante...pena q conheci apenas em 2005...mas valew, o importante é ouvir antes de morrer.
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