Artista: Selda Bağcan
Álbum: Vurulduk Ey Halkim Unutma Bizi
Ano: 1976
Gênero: Folk Turco; Música de Protesto; Rock
Vamos falar de música de protesto, mas nada de Chico Buarque, Caetano Veloso ou Geraldo Vandré. Nem Mercedes Sosa, nem Violeta Parra. O disco aqui resenhado é da turca Selda Bağcan.
Imagino que pouquíssimas pessoas aqui no Brasil reconheçam esse nome, então vou contar um pouco do que consegui aprender sobre a história da cantora.
Selda Bağcan nasceu em 1948 na Turquia. Aprendeu a tocar violão por puro prazer, mas o prazer se tornou algo mais quando seus dois primeiros singles (ou "compactos", como costumava se dizer no Brasil), em 1971, venderam quase um milhão de cópias na Turquia. O sucesso de Selda fez com que ela gravasse um outro single com a banda turca de rock progressivo Moğollar, e graças ao sucesso deste compacto ela foi patrocinada pelo governo turco para participar de um grande festival na Bulgária, em 1972.
O primeiro LP de Selda viria a ser lançado somente no ano de 1976 (mesmo ano do lançamento do disco aqui resenhado). Vale dizer que era um álbum muito aguardado, pois ela era uma das artistas - se não a artista - mais proeminentes em um cenário dominado por homens.
A vida de Selda viria a se complicar bastante nos anos 80, após a Turquia sofrer seu terceiro golpe de Estado em vinte anos. Os militares tomaram o governo e Selda foi perseguida, tendo seu passaporte suspenso e sendo presa em algumas ocasiões. Ela só voltaria a fazer turnês internacionais em 1987.
Como não entendo uma palavra de turco é muito difícil saber do que as letras falam, mas todas as fontes que pesquisei falam a mesma coisa: ela é uma cantora de músicas de protesto - o que explica a perseguição sofrida nos anos 80. Mas não é preciso entender turco para admirar a música de Selda Bağcan.
Vurulduk Ey Halkim Unutma Bizi é seu segundo LP, lançado no mesmo ano do debut Selda. A quantidade de referências musicais que o álbum traz é realmente impressionante, e já se fazem notar na primeira faixa, a faixa título. Um folk totalmente diferente, com uma pegada totalmente oriental, totalmente acústica, com a voz potente de Selda no centro. Mas percebemos o quanto a então moça era criativa a partir da segunda faixa.
Utan, Utan traz instrumentos tradicionais da Turquia contrastando com bateria e guitarra elétrica, e a voz de Selda novamente se destacando pela potência e beleza. Não consigo encontrar no ocidente alguma cantora que cante da mesma maneira que Selda ou outra cantora oriental - o uso da microtonalidade (as pequenas oscilações intencionais de tom) é muito proeminente na música oriental.
O outro grande destaque do álbum vem logo em seguida no tracklist: Karaoğlan tem um tempo totalmente exótico e, mesmo utilizando instrumentos ocidentais (guitarra, contrabaixo, bateria), soa totalmente única. Ótima música.
O disco traz diversos pontos altos. A medievalesca Askerin Türküsü com suas orquestrações, a densa Maden Daği (Deloy, Deloy), Eco'ya Dönder Beni e a saideira Zamani Geldi, que soa pesada até os dias de hoje.
Recomendadíssimo.
Tracklist:
1. Vurulduk Ey Halkim Unutma Bizi
2. Utan, Utan
3. Karaoğlan
4. Aciyi Bal Eyledik
5. Askerin Turkusu
6. Maden Daği (Deloy, Deloy)
7. Maden Iscileri
8. Gardasim Hasso
9. Bundan Sonra
10. Gozden Gezden
11. Arpaciktan
12. Eco'ya Dönder Beni
13. Zamani Geldi
1. Vurulduk Ey Halkim Unutma Bizi
2. Utan, Utan
3. Karaoğlan
4. Aciyi Bal Eyledik
5. Askerin Turkusu
6. Maden Daği (Deloy, Deloy)
7. Maden Iscileri
8. Gardasim Hasso
9. Bundan Sonra
10. Gozden Gezden
11. Arpaciktan
12. Eco'ya Dönder Beni
13. Zamani Geldi
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